Eu acabei postando um textão ontem no facebook, e não tinha conseguido vir aqui ainda. Não vou copiar o que escrevi lá, mas sim, escrever outras coisas.
Estava rolando o tal "desafio da maternidade", em que mães eram indicadas pra postarem 3 fotos de momentos felizes com seus filhos. Uma amiga me marcou e eu, com muita dificuldade, escolhi apenas 3 fotos e postei, indicando mais mães. Aí durante a semana, vi um compartilhamento de um pai e esposo, dizendo que a esposa não tinha aceito postar fotos e estava sendo "mal vista", e então ele decidiu postar, resumidamente, que ela estava com depressão pós parto, sofrendo e que esse desafio era mais um sofrimento, então por isso ela não havia postado e ele estava ali, se explicando em nome dela, diante de tantos julgamentos sem ninguém saber o real motivo dela.
Depois, vi uma outra postagem de uma mãe, dizendo que ser mãe não está sendo bom pra ela; resumidamente ela contou as dificuldades de ser mãe de um recém nascido, de uma mãe de primeira viagem e em outras palavras, disse que ser mãe não estava sendo bom pra ela e que ela não tinha fotos felizes pra compartilhar. Mais uma enxurrada de gente julgando a moça. Eu passei a semana toda pensando, refletindo e resolvi escrever ontem lá e hoje, aqui. Quem me conhece de verdade, sabe que o nome que eu dei para este blog, condiz realmente comigo: minha mente não para de pensar, principalmente se estou diante de algo preocupante ou importante. Esta semana foi bem intensa nesse ponto pra mim, então sem saber bem o que fazer com tantas informações, acabei botando pra fora o texto sobre a maternidade.
Quem é mãe "de verdade", sabe que não é nenhum mar de rosas, de flores nem de chocolate. Mães de sangue, de coração, de criação, não importa. Colocar uma vida no mundo não é uma tarefa fácil, desde a gestação, até o parto e principalmente, dar uma formação praquela criaturinha tão indefesa e frágil. Tem as mulheres que tem esse instinto nato, outras vêem como algo que faz parte da vida, outras nem sonham com isso. Algumas se preparam e planejam engravidar, outras não planejam e algumas planejam, não conseguem pelas vias naturais e partem para outro tipo de planejamento (fertilização ou adoção). Não importa, a mulher vai ser mãe do jeito que ela quiser e se ela quiser.
A gente se prepara simplesmente, pra ser mãe. Por mais que a gente leia, assista compulsivamente os programas de gestação, parto e bebês do Discovery Home & Health (saudade <3), que a gente faça o curso de gestante, converse com mulheres que já são mães, a gente nunca sabe o que vai vir pela frente. É impossível saber se o bebê vai ser chorão, se vai dormir muito, se vai ter cólica, se... se... se... Se Deus quiser, vai dar tudo certo, é o que pensamos, no fim das contas! Hahaha!
Mas mais do que isso tudo... Nenhuma mãe se prepara para ter um filho "diferente", ou o chamado "especial". Nenhuma mãe que engravida, fala "ah, como eu queria ter um filho com Síndrome de Down", ou agora na moda, "ah, como eu queria ter um filho com microcefalia". E também não dizemos "quero ter um filho autista". A gente simplesmente tem. E diferente de muitas outras síndromes ou anomalias, o autismo não tem exame que detecte antes do bebê ir crescendo após nascido e ter um diagnóstico clínico, pois não existe um exame como de sangue ou de imagem, que faça essa detecção. Mas a gente vira mãe e se depara com um diagnóstico desse. E aí?
O chão se abre. O céu desaba. As paredes caem. O mundo fica cinza. A gente sofre em silêncio e chora. Pergunta "por que comigo?" "por que ele?" Mas a gente continua sendo mãe e aquela criaturinha, continua sendo filho e precisando de cuidados, ainda mais após o diagnóstico. Cada segundo é muito precioso. Mas a gente corre e não sai do lugar, como em desenho animado ou naqueles sonhos medonhos que temos as vezes. A gente não quer contar pra ninguém sobre aquilo, as pessoas não desconfiam o que estamos passando, não perguntam e acham que está tudo bem, porque nós não demonstramos nada. Mas o que sentimos é um misto de amor, tristeza e luto. Sim, luto, pelo bebezinho que idealizamos e que se mostrou não tão perfeito como sonhamos, que se mostrou diferente do filho da amiga da vizinha da prima.
Resumindo: nunca julgue uma mãe sem conhecê-la. O que ela diz ou escreve, pode parecer amargo, triste ou até vazio, mas ela deve ter seus motivos. Se você quiser ajudar, primeiro pergunte como pode fazer isso, mas se não souber como, então prefira o silêncio. É difícil pra mãe de um autista, se abrir num primeiro momento e leva um tempo até processarmos nossos pensamentos e sentimentos até que nos sintamos a vontade em gritar para o mundo que EU TENHO UM FILHO AUTISTA, EU O AMO MUITO E EU ME ORGULHO MUITO DELE! Nós aprendemos tudo juntos, eu gostaria muito de nunca errar e sempre acertar de primeira, mas sou um ser humano comum e eu falho, sim. Eu já disse várias vezes e repito sempre que não tem nada de especial em ser mãe de uma criança diferente, pois elas também não são especiais. Cada criança tem suas características próprias, e cada uma é especial do seu jeito: loiras, morenas, negras, orientais, com deficiência mental, física ou autismo. Antes que me crucifiquem: digo autismo por ser melhor entendido do que TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Pessoas: não julguem sem saber o que aquela pessoa está passando! Seja ela mãe, avó, tia, pai, criança, cachorro, gato ou papagaio. Ninguém tem o direito de julgar ninguém e cada um tem sua maneira de viver aquela experiência que está vivendo. Como diz o querido Chico Xavier, nenhum sofrimento é para sempre. Então todos, a sua maneira, vão encontrar uma forma de sair do sofrimento e chegar na alegria!
Que tal começar olhando pro seu próprio umbigo e vendo se não é você, quem precisa de ajuda, na verdade? E estender a mão para pedir ajuda e também para ajudar? ;)