Depois de passar os últimos dias cuidando do marido recém operado, aqui estou de volta!
No ano passado, numa reunião na escola do Matheus, a coordenadora da época me indicou um filme: Temple Grandin. É a história de uma senhora americana, que hoje deve ter por volta de 70 anos, autista. Ela tem livros publicados (eu tenho 2 deles, porém ainda não consegui ler) e é especialista em gado, criou sistemas para tranquilizar o gado antes do abate, de vacinas, etc. Uma frase dela ficou bem marcada nesse episódio: "A natureza é cruel, nós não temos de ser."
Ela foi levada ao médico pela mãe, pois aos 4 anos, ainda não falava. O diagnóstico foi "autismo", prognóstico de que ela possivelmente jamais falaria e a indicação, interná-la numa instituição própria, fechada. A mãe achou aquilo muito cruel e optou por mantê-la junto da família, ensinando com figuras até que ela conseguisse se expressar por meio de palavras. Ela não suportava contato físico de qualquer espécie e depois de observar os bois na fazenda de seus tios, ela construiu uma "máquina do abraço", com o mesmo princípio dos bois, e aquilo a acalmava, já que ela não conseguia ser tocada e muito menos, abraçada.
Não vou contar mais nada do filme. Fica aqui a minha indicação para todos assistirem. TODOS. Para as famílias com diagnóstico recente ou antigo, para entenderem um pouco de como é o mundo de uma pessoa com o espectro autista. Para entenderem, como dizem no filme também, que eles podem ser diferentes, mas não são inferiores. Eles tem uma maneira diferente de ver e entender o mundo, de pensar e processar as informações que recebem e de lidar com as pessoas. A Temple não suportava o toque, mas o meu Matheus, adora, desde bebezinho. Ele precisa sentir a pele, sempre passava a mão por dentro da nossa roupa, se estivéssemos de manga comprida, por exemplo. Adora abraço, sempre pede. Adora beijo. Adora contato. Cada pessoa é diferente da outra, e dentro do espectro, não é diferente. Ele começou a falar com praticamente 4 anos, como a Temple. Mas hoje com 8 anos, ainda não forma frases completas, ainda troca letras e ainda parece não compreender quando falam com ele. Parece, pois ele entende tudo e processa tudo muito rápido.
Meu filho tem seus altos e baixos, como todo mundo. Temos dias incríveis, e outros horríveis, em que ele surta, grita, chora e é bem difícil de contê-lo. Já tive dias que pensei em desistir de tudo, de jogar tudo pro alto: terapias, usar o dinheiro que aplicamos nisso, em outras coisas, que seriam fúteis. Mas repensando tudo o que passamos, toda a evolução dele, todo o aprendizado e tudo que as terapias proporcionam a ele e a nós como família, esse pensamento some rapidinho. Graças a Deus!
Se uma criança autista se aproximar de você, não se espante se ela não te olhar nos olhos, se não falar com você da forma como deveria ou se o seu comportamento for diferente do que você conhece. Isso não é falta de educação, não é culpa da mãe ou dos pais. É simplesmente a forma com que aquela criança está no mundo e devemos respeitá-la, ao menos, se não pudermos ajudá-la!
Beijos!