segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Psicografia

Voltei pra contar de uma experiência única que vivi ontem, mas preciso retroceder um pouquinho pra poder me explicar.

Sempre me interessei por assuntos do "além vida", e sempre acreditei que havia vida após a morte, afinal, como a própria Doutrina Espírita diz, não faz sentido termos esta vida e ao morrermos, não existir mais nada. Então se formos ladrões assassinos, com a morte acaba tudo e pronto? Não haveria nenhum tipo de "punição", nenhum tipo de aprendizado? Seria injusto! Então comecei a ler romances espíritas, sendo o primeiro, "Violetas na Janela", de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, onde a jovem Patrícia, conta como ocorreu seu desencarne e como se descobriu no outro plano. Me encantei com tudo e comecei a ler cada vez mais, aprendi muito com essa literatura, mas ainda estou muito longe do saber.

Sempre tive vontade de conhecer um Centro Espírita, mas nunca tive companhia pra ir, e como todo bom ser humano, não quis ir sozinha não por medo, mas por falta de companhia, pela minha timidez em estar sozinha sem companhia, com quem comentar o que veria, essas coisas. Então quando estava grávida do Gabriel (em 2011), fui a um centro e até comecei um curso com minha irmã, mas estava na reta final da gravidez e pela minha irmã morar longe, ficava difícil pra ela vir sempre, então paramos. Mas ainda não tinha me encontrado naquele ambiente...

No ano passado, minha mãe se dispôs a ir comigo, para levarmos o Matheus e ver se havia algo espiritual na questão dele ainda não querer e não poder falar direito e na falta de interação social ainda... Começamos um tratamento, ela acabou parando e eu também parei por um período, mas o Matheus continuou indo. Eu também voltei e há cerca de uns 3 meses, conversei com meu marido sobre levarmos o Gabriel também, pra tentar ver a questão dele ficar doente com tanta frequência, e então ele aceitou ir comigo, ele assistiu a uma palestra e eu disse a ele que era só pra ele conhecer, que não precisava frequentar se não se sentisse bem. Mas não é que ele gostou? E pelo Gabriel, ele aceitou fazer tratamento também, pra casa toda estar harmonizada, fiquei radiante!

E então ontem, teve uma "atividade" diferente, como eles costumam dizer lá. Há cerca de um mês, vi um banner avisando que no dia 28/09 haveria psicografia. E desde então, fiquei enlouquecida pra poder ir, e frisei inúmeras vezes que eu não estava indo na intenção de receber nenhuma mensagem, mas pra ver como funcionava a psicografia, como era feito e tal. E chegou o tão esperado dia!

Cheguei lá às 5h da manhã, e já tinham algumas pessoas na fila (tinha ouvido no dia anterior, que a fila muitas vezes, começava as 4h da manhã!). Estava escuro, mas graças a Deus, não estava muito frio e nem chovendo! O único problema é que o lugar que fiquei na fila, tinham 2 canos de saída de água e o chão estava molhado e não pude sentar... Quando o dia amanheceu, tentei ler um pouco, mas não consegui muito, não tinha posição confortável pra ler rsrs

Às 7h da manhã, o portão se abriu e começaram a distribuir as senhas, que normalmente são 100, mas ontem foram 140. E tudo era novidade ainda pra mim, apesar de ontem mesmo, ter completado 1 ano que eu frequento a casa. E não acredito em coincidência.

Deram uma ficha numerada pra cada um preencher: nome do desencarnado, data e idade de falecimento, se foi doença ou acidente, parentesco, nome de quem deseja receber a mensagem e um espaço pra mais 3 nomes, também com data de falecimento e parentesco. Ali minha ficha caiu de que eu estava ali sim, pra ver uma sessão de psicografia, mas SIM, eu queria receber uma mensagem! Só de entrar naquele ambiente, que eu frequento toda semana, me senti emocionada e com vontade de chorar de emoção, e muitas pessoas choravam. Eu segurei a onda até onde pude...

Enquanto o médium atendia cada uma das 140 pessoas que tinham a ficha, no salão haviam pequenas palestras e músicas lindas. A lanchonete estava aberta, mas eu tinha levado um lanche de casa e não consegui sair do salão por muito tempo, pois não queria perder nada do que estava acontecendo ali. E então quando o médium entrou no salão pra começar a psicografar, comecei a pensar na minha avó (paterna), desencarnada há mais de 15 anos, e então as lágrimas rolaram. Houve uma divergência de família quando ela era viva, eu era pequena, mas como isso atingiu diretamente minha mãe e minha avó materna, eu acabei tomando as dores delas, sem nunca ninguém ter conversado comigo direito. Eu pensava em toda minha infância com a minha avó, de quando eu vestia as roupas dela, das brincadeiras, e nunca me esqueci do dia em que fizemos dinheirinho de papel, e eu certa de que aquele pedacinho de sulfite parecia com dinheiro de verdade, jogava pela janela esperando que as pessoas passassem na rua achando que era de verdade e pegassem. Ah, a inocência!

Eu mentalizei minha avó e disse que a perdoava por tudo o que tinha acontecido, que eu estava ali se ela quisesse se comunicar, aberta, e entendendo melhor o que havia acontecido. O médium fez todas as psicografias e começou a chamar as famílias e a ler as mensagens e voz alta. Minhas mãos suavam, meu coração parecia querer rasgar o peito e sair pulando ali, e apesar de eu saber que não receberia nenhuma mensagem, fiquei ansiosa pra saber se eu estaria errada. Mas não estava. Ouvindo as mensagens que chegaram, entendi que eram muito mais importantes pras pessoas que as aguardavam, do que pra mim. Eu achei que não fosse conseguir dirigir sozinha pra casa, estava com muita dor de cabeça, emocionada, cabeça e coração a mil por hora, e muito feliz por poder ter participado daquele momento!

Quando consegui chegar em casa a noite (eu cheguei em casa mais de 15h, fui ao shopping e ao mercado ainda), fui tomar um banho e então percebi que eu não tenho de perdoar minha avó por nada, e sim, pedir perdão por tê-la julgado pelo que aconteceu no passado! Ela pediu perdão em seu leito de morte à minha mãe, e com certeza já aprendeu muito no plano espiritual, por todo o tempo que ela está vivendo lá, e seu perdão deve vir do nosso Pai, e não de mim, uma pessoa comum, imperfeita. Como eu já ouvi muito e o médium frisou mais uma vez lá, "o telefone toca de lá pra cá", não adianta querermos conversar com quem partiu do plano físico, se nós aqui, não tivermos o amadurecimento e merecimento pra isso, e nem se a pessoa no plano espiritual, não estiver preparada ou apta pra essa comunicação. Tudo depende do nosso desenvolvimento, da nossa maturação espiritual, e sei que a minha, está muito longe do ideal, porque perfeita, nunca serei. Tenho a ciência de que estou longe do meu objetivo nesta vida e ainda mais longe de ser uma pessoa serena, humilde e caridosa como o querido Chico Xavier, mas espero conseguir me esforçar mais a cada dia, pra conseguir melhorar sempre!

Deixo aqui o link pra um vídeo de uma música linda, que sempre me emociona quando ouço e é uma lição...

https://www.youtube.com/watch?v=RmEEySYbO-A

sábado, 6 de setembro de 2014

Depressive...

Sinto que este post será longo... Mas vamos lá...

Por que a gente sempre cria expectativas? Por que nos decepcionamos com quem confiamos? Por que a gente precisa de outras pessoas? Por que tem dias mais difíceis do que outros? Por que? Por que? Por que????

São muitas perguntas sem resposta... Fiquei pensando em muitas coisas nesta semana, e hoje resolvi sentar e escrever, pra não pirar.

Quando eu decidi ser mãe, não sabia o que estava por vir, somente que eu teria uma vidinha pra cuidar e dar o melhor de mim. Mas meu filho mais velho, não veio, exatamente, como a maioria das crianças vem. Ele foi diagnosticado com um encapsulamento autístico", que não é autismo propriamente dito, mas se encaixa no tal TGD (Transtorno Global de Desenvolvimento), que é algo que não dá pra se categorizar exatamente, como se fosse uma virose, que é algo, mas sem definição. A diferença é que a virose passa, o TGD, não.

A gente sempre ouve as mesmas coisas: "Deus não dá fardo maior do que a gente pode suportar", "Se você tem um filho especial, é porque é uma mãe especial", e por aí vai. E sempre respirei fundo ouvindo isso e achando que eram verdades e eu não podia questionar. Eu creio em Deus, pra encurtar o assunto, sou Espírita, já li várias coisas e frequento um Centro, mas não sou sabedora soberana de nada, estou aqui pra aprender e evoluir, mas já sei que não cheguei a 1/3 de conhecimento, de amadurecimento do que poderia ou deveria. Deus, já sei que terei de voltar aqui ainda por muitas vidas pra tentar aprender um pouquinho do que Seu filho ensinou, estou loooonge de estar aos pés dele...

Mas o que é ser especial? Qual a definição de uma pessoa especial? Eu não me sinto uma pessoa especial por ter um filho "diferente", assim como também não acho certo ele e qualquer outro tipo de doença ou deficiência, ser chamado de especial. Aprendi na faculdade que a pessoa tem deficiência, e não é especial por conta disso. Tem características diferentes, mas continua sendo uma pessoa comum, como qualquer outra, mas é pena que a sociedade não entenda dessa forma.

Como espírita, creio em reencarnação e resgate de vidas passadas, e sei que o Matheus ter vindo dessa forma, foi uma escolha nossa, e ele não é meu filho por acaso, é porque escolhemos assim, antes de voltarmos a este mundo. Sei que é uma missão (não gosto de falar de carma, pois fica parecendo um termo negativo), mas não estou conseguindo cumprir. Sei também que não deveria reclamar, afinal ele não tem nenhum tipo de deficiência grave, nenhuma doença terminal, não falta nenhum membro ou órgão nele, e agradeço MUITO a Deus por isso, senão não sei se suportaria. Mas só quem está na situação, entende o que digo. E mesmo muitas pessoas dentro da situação, não entendem e não ajudam de forma eficaz...

Quem me conhece, sabe como eu ODEIO ter de pedir ajuda a quem quer que seja, e pelo motivo que seja, mas dentro da família, acho que isso deveria acontecer de forma espontânea, mas não é bem assim que acontece... E estou especialmente chateada do último mês pra cá, muito triste, sem motivação... Eu não estou sendo eu! Eu não estou sendo eu há anos, e ninguém reparou! Nem eu mesma! Por mais que eu esteja sinalizando isso, de que eu não estou bem e que preciso de ajuda, ninguém me estende a mão! Ninguém! Só o que eu ouço são críticas, ou então o jargão "Isso passa, é só você querer", mas não é assim que as coisas funcionam! Se fosse assim fácil, não existiriam pessoas com depressão, síndrome do pânico, suicidas... Afinal, se é tão fácil assim lidar com sentimentos e pensamentos extremos, porque existem as doenças?

Ninguém adoece porque quer ou porque gosta. Simplesmente acontece. Seja um resfriado ou uma doença grave. Mas sabendo-se disso, o tratamento se faz necessário para que os sintomas desapareçam e a pessoa possa voltar a ser saudável. Mas eu não estou saudável. Eu me larguei pelos meus filhos, pela minha casa, pelo meu marido, e estou colhendo os frutos negativos de ter me esquecido... Estou obesa, pré-diabética, com crises de labirintite constantes, hipoglicêmica, com queda acentuada de cabelo e correndo risco de ficar careca (sim!), e mesmo sabendo que preciso me cuidar, não consigo, porque tem outras coisas na frente, que se não for eu, não será mais ninguém a fazer. Não estou me fazendo de vítima, apenas explicando o que sinto. SOLIDÃO.

Há cerca de uma semana, assisti no programa Encontro com Fátima Bernardes, uma pauta falando sobre depressão, onde o psiquiatra do programa, explicou que a depressão nem sempre tem sintomas de tristeza, mas que a irritação ou alguma outra mudança de comportamento, também podem ser sintomas de depressão. E ele teve uma fala bem oportuna com uma pessoa da platéia, que disse "Poxa, eu tenho um filho pra cuidar, um trabalho a exercer, eu não posso ter depressão", como se isso fosse uma doença que escolhesse a dedo quem acometer, mas isso não é verdade, obviamente! Nenhuma doença escolhe se a pessoa é rica ou pobre, gorda ou magra, se tem filhos ou não, ela simplesmente acontece, por fatores inerentes a nossa vontade! Da mesma forma que ter filhos, não é impeditivo do casal querer e poder sair juntos, sozinhos, ou deles terem programas separados do outro e dos filhos, afinal, a gente se torna pais, cônjuges, mas continuamos a sermos PESSOAS, mas o mundo parece se esquecer disso! Essa semana eu comentei que estava terminando de ler um livro, e ouvi "Não sei como você consegue ler, tendo dois filhos pra cuidar". Poxa, só porque eu tenho 2 filhos, não tenho mais direito a ter um tempo pra mim? E por um deles ter TGD, ainda menos direito?
Deixo aqui, um link que o psiquiatra passou no programa, muito bom por sinal... Assistam que vale a pena.

https://www.youtube.com/watch?v=RTcmNwK4420

Então, concluí que ESPECIAL, é Jesus, espírito evoluído que veio à Terra pra ensinar o amor, a bondade, a doação, o perdão incondicionais; que veio dar sem querer nada em troca; que foi crucificado injustamente e nem assim, reclamou. ESPECIAL é Chico Xavier, com toda sua bondade e doação, sofreu dentro da família, na comunidade onde vivia, e ainda assim, também não reclamou, não blasfemou, e teve uma vida simples, porém correta e honesta. ESPECIAL é quem aceita incondicionalmente sua condição, seja ela qual for, ou então, trabalha interna e externamente, para melhorar e buscar a sua própria aceitação e evolução, sem questionar os desígnios divinos ou terrenos para aquele acontecimento. E definitivamente, EU NÃO SOU ESPECIAL.

O que eu busco, é somente a compreensão dos que me cercam, auxílio nas minhas atividades e comigo mesma. É poder ouvir críticas construtivas, ao invés de destrutivas; é poder ter conforto num momento de tristeza ou raiva; é não ser julgada pelos meus atos ou decisões; é ser AMADA da forma que eu estou precisando...

Estou cansada de estar sozinha, mesmo tendo gente por perto. Estou cansada de fingir estar bem, quando eu não estou nada bem. Estou cansada de ter de decidir, pensar, agir sozinha com meus filhos, na minha casa. Estou cansada de não me sentir apoiada. Estou cansada de não me sentir acolhida. Estou cansada de não me sentir protegida. Estou cansada de ser preterida, junto dos meus filhos. Estou cansada de ser isolada. Estou cansada.

Estou cansada de estar cansada.