sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Chateada

Este post é um desabafo. Acho que estou precisando disso, mesmo que não compartilhe diretamente com alguém, mas sei que aqui, não serei julgada e ninguém vai olhar "torto" pra mim.

Quando eu e o Marcelo decidimos ser pais, nos planejamos mentalmente e fisicamente pra isso. Ele até tentou fazer um planejamento financeiro, mas quem tem filhos, sabe que isso é praticamente impossível. Procurei meu ginecologista-obstetra antes, pois tomava anticoncepcional, fiz alguns exames e aguardei o curso natural da vida, até que, 2 meses após parar com o remédio, estava grávida. Foi uma alegria imensa ter o resultado positivo do teste de farmácia, após 2 meses repetindo e dando negativo, apesar de eu já estar grávida. Curtimos cada instante, cada chutinho, cada ultrassom, vivemos uma fase muito feliz! Mesmo tendo passado pelo erro de primeiro esperarmos a Alice e depois saber que teríamos o nosso Matheus, não nos abalamos. Claro que pra mim, quando soube foi um baque, mas me recuperei e não o rejeitei em nenhum momento, e até hoje ele nos dá muitas alegrias!!

Quando Matheus completou 2 anos, decidimos que era hora de sermos pais novamente. Aguardamos alguns meses, e fiz como na gravidez dele, procurei meu médico, parei com o anticoncepcional, fiz exames e estava pronta pra engravidar. Mas isso não acontecia. Repeti os exames, que acusaram o hormônio responsável pela gravidez baixo. Meu médico me disse que era pra eu aguardar que a taxa voltaria ao normal em pouco tempo e logo eu engravidaria, mas nada aconteceu. Em dezembro de 2010, fiz os exames novamente, e o hormônio permanecia baixo, então comecei a tomar um indutor de ovulação. Era pra tomar por 3 ciclos, mas tomei por 2 e não engravidei, então decidi parar. Conversei com o Marcelo e decidi não ficar mais na neura de fazer contas do dia certo do período fértil e esperar ou não, pela menstruação. Mas mesmo assim, não conseguia entender como engravidei tão rápido do Matheus e não conseguia dessa segunda vez.

Um belo dia, num stress grande com Tateu, decidi que não queria mais engravidar. Não enquanto ele não começasse a se comportar melhor, sem birras, e enquanto não começasse a falar de verdade. Não queria ter outro filho pra gritar e perder a paciência, e entendi que Tateu precisava de mais empenho de minha parte e do Marcelo, pra progredir. Passei a noite toda chorando e Marcelo de cara virada pra mim, e eu agoniada querendo contar essa minha decisão a ele.

Na semana seguinte, eu iria ao neuropediatra levar a ressonância cerebral que Tateu fez, e o Marcelo sairia mais cedo do trabalho para buscá-lo na escola. A consulta atrasou, o Marcelo atrasou para buscar Tateu, e eu já nervosa com tudo isso. Saí da consulta e ele ainda não tinha chegado na escola, mas respirei fundo e como tinha de comprar umas coisas na farmácia, aproveitei pra ir e já ia comprar o anticoncepcional, já que a menstruação viria no dia seguinte. Ainda não tinha conversado com ele sobre a minha decisão, mas não mudaria mesmo que ele quisesse. Por desencargo de consciência, comprei um teste e o resultado, vocês já sabem ;)


Acontece que esta gravidez está sendo muito diferente. Claro, eu não esperava que fosse igual, afinal, são momentos distintos; do Tateu, só tínhamos a preocupação com o desenvolvimento dele na minha barriga, em montar quarto, enxoval, e curtimos muito, cada momento. Agora, já temos ele pra cuidar, além do Gabriel na barriga que sim, tento cuidar ao máximo, mas confesso que às vezes nem me lembro que estou grávida, a não ser quando sinto ele se mexendo. Eu estou diferente, o Marcelo está diferente - e muito. Ele sempre conversava com minha barriga, nós colocávamos música com fone na barriga pro Matheus ouvir e ele adorava, fazia cada onda que era incrível!


Desta vez, não... Nesta semana, eu resolvi colocar música pra ele ouvir, pela primeira vez, e ele gostou também. Não fez tanta onda como Tateu fazia, mas deu vários chutinhos, fiquei muito feliz! Mas foi só uma vez. Estamos na expectativa dos móveis novos que vão chegar no final de setembro, e nos ajeitando financeiramente pra poder comprar o que falta pro Gabriel e pra arrumar os detalhes finais do apê, como pintar, comprar alguns detalhes de decoração que pensamos, etc. Então estamos vivendo com um turbilhão de sensações, expectativas que mal estamos dando conta de nós mesmos! E é aí que o bicho pega...


Desde que soube estar grávida, já brigamos muito. Às vezes nem parece que ele se lembra que carrego mais um filho dele no ventre, mais uma vida que precisa de amor e carinho de nossa parte. Já me colocou à prova, "fuçando" no meu twitter, se eu achava normal escrever daquele jeito, pois ficou incomodado com um tweet que mandei pra um cara. Só respondi "Por acaso eu disse pra ele eu te amo? Eu to grávida de um filho dele?" Me senti muito incomodada com esse tipo de desconfiança dele. Poxa vida, estamos casados há 9 anos, estou grávida dele pela segunda vez, e ao invés dele cuidar de mim e do Gabriel, junto do Tateu, ele me acusa de algo que fantasiou por ciúmes? 


Fora as reclamações de que ando sempre cansada, que durmo cedo e não dou atenção pra ele... Acho que ele já esqueceu de que na gravidez do Tateu eu também ficava sonolenta, e além do mais, era a primeira vez, não tínhamos a preocupação com uma criança pequena além da que estava sendo gerada em meu ventre... Agora será uma adaptação coletiva à essa nova vida que está chegando, e isso deveria nos motivar a melhorar, nos deixar felizes, e não gerar brigas! Já me perguntei se fiz bem em ter um segundo filho... Mas afastei esse pensamento bobo rapidinho. Amo meu Gabriel, amo meu Matheus! Só quero ser uma boa mãe pros dois e que meu marido entenda que agora, mais do que nunca, vamos ter de dividir nosso tempo e atenção. 


Sinto falta do companheiro que eu tinha antes... Eu vivia reclamando que a gente não tinha nenhum final de semana inteiro livre, não tinha feriados pra podermos descansar, passear, mesmo sem viajar. De um tempo pra cá, essa condição mudou, ele saiu da área técnica, parou de atender aos clientes em suas casas, e está trabalhando internamente, com direito a finais de semana cheios e feriados, porém saindo mais tarde durante semana, e sem reajuste salarial nem de função na carteira de trabalho. Se eu reclamo e converso com ele que não está sendo justo? Sim, quase todos os dias. Mas ele toma alguma atitude? Não. Quando digo que ele está acomodado, acha ruim comigo e joga na minha cara que nunca trabalhei fora, sempre trabalhei com meus pais e não sei como é o mercado de trabalho. Ok, não posso discutir isso, é verdade. Mas sei que a empresa não está dando o devido valor que ele merece, pelo potencial que ele pode desenvolver e não estão abrindo espaço. A empresa pensa pequeno e ele acompanha. Tem como não ficar indignada?


Ao mesmo tempo que nossa condição de tempo melhorou, a financeira continua na mesma. Mas não é isso que pega. Me chateia toda a disposição que ele tem no trabalho, de "mostrar quem ele é" pra ser reconhecido e não ter a devolutiva disso. De chegar sempre tarde do trabalho, de estar brigando constantemente comigo e às vezes com Tateu, ao invés de cuidar de nós. Agora mesmo, chegou do trabalho e arrumou alguma coisa pra comer sozinho na cozinha, com a TV do celular ligada. Não veio dar oi nem pro Matheus, que não tem nada a ver com o que ele está passando. Sim, porque ontem ele chegou estranho do trabalho, tentei conversar e ele disse que eu que fiquei estranha de repente quando ele chegou. Tentei conversar novamente, ele disse que estava tudo bem, então me retirei porque não vou ficar batendo na mesma tecla e ficando ainda mais irritada. Mas estou muito chateada com tudo o que estamos passando. Como eu disse, não esperava que esta gravidez fosse igual à primeira, mas esperava o mínimo de atenção e cuidado. O mínimo.


O que consigo concluir com tudo isso, é que o trabalho tomou conta da vida dele de tal forma, que se dedica tanto lá fora, que aqui em casa não tem pique, não tem energia, não tem vontade, ou seja lá o que for. Não gostaria de estar concluindo isso, mas é só o que consigo pensar. Já conversei com ele a respeito, e ele diz que não é assim. Mas me sinto assim, porque ele simplesmente me ignora, ou briga comigo por motivos pequenos, ou sem motivo aparente. Só espero que toda essa fase ruim passe e que ele entenda o que estou sentindo. E que não é "drama" de mulher grávida se fazendo de vítima, afinal eu sou uma pessoa, com sentimentos, e carregando uma outra pessoa dentro de mim, que também já possui sentimentos, com toda certeza.


Desculpem o desabafo imenso e não contar nada específico sobre o desenvolvimento do Gabriel nem falar sobre nada alegre, mas hoje, não estou feliz para ser a Denise de sempre.