terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Lidando com o pré-conceito e o pré-julgamento

Há algum tempo, estamos planejando comprar uma cama nova para o Matheus, já que a dele é uma mini cama e ele já está desconfortável nela, pela estrutura e pelo colchão já velhinho. Ele ainda não está com os pés pra fora, nada disso haha! Mas queremos oferecer mais conforto pra ele poder dormir melhor.

Pesquisamos algumas coisas pela internet e achamos algumas opções bem legais, mas eu queria ver alguma delas "ao vivo", pra ver se condiz com a imagem, ver a resistência, e essas coisas. No domingo a tarde, fomos a um shopping de móveis em São Bernardo, mas só encontramos a cama junto com algum planejado, o que não é a nossa opção pelo espaço pequeno que temos. Então fomos para uma rua onde só tem lojas de móveis e decoração. Saindo do carro, eis que me surge a pérola: "Não tem nada aqui." Hahaha! Vimos uma opção em uma loja, mas com orçamento um pouco além do que planejamos e podemos, então ficamos de pensar.

Saindo de lá, fomos no Shopping São Bernardo Plaza, e nos deparamos ainda do lado de fora, com a placa: "Mar de Bolinhas". Mas já era muito tarde pra darmos meia volta, pois os mocinhos já tinham visto e estavam em polvorosa no carro. Então eis que encaramos a fila e mamãe, mais uma vez, entrou com eles. "Chato", né? Hehe! 

Como sempre, mergulhamos, tiramos fotos, brincamos e o Matheus quis ir no escorregador. Pra quem não sabe como é o lugar, peguei uma foto da internet pra vcs terem idéia:


Dentro do farol é que se sobe para os vários escorregadores, e ali onde tem uma menininha de rosa entrando, fica um monitor, porque as crianças estão afoitas pra subir e escorregar e vão se atropelando, né? Bom, peguei a fila com os meninos e fiquei esperando. O Gabriel não quis ir, então se afastou um pouquinho e eu fiquei com o Matheus, falando pra ele esperar a vez dele, Surgiu um pai com uma menina de lado e ele ali esperando pra entrar, e então a monitora colocou a mão na frente, barrando a entrada dele e falando que ele tinha de esperar, e ele tentando passar. Eu observando e me aproximando deles. Ela olhou com uma cara que eu nem sei descrever e falando que ele tinha de esperar a vez dele, obedecer o que ela dizia e não podia passar na frente dos outros. Ali meu sangue subiu, Eu cheguei perto dela e das outras pessoas e falei gritando mesmo: "MOÇA, SÓ PRA VC SABER, O MEU FILHO É AUTISTA, ELE NÃO FAZ NADA DE PROPÓSITO E ELE NÃO CONSEGUE ENTENDER MUITO BEM". Ela fez uma cara de pouco caso ou cara de quem se perguntava "o que é autista?" ou "o que eu tenho a ver com isso?", mas eu saí de perto e fui esperar meu filhote escorregar e tentar tirar foto. 

Qual é o problema da sociedade? Pra alguém ser visto como "diferente", tem de estar estampado na cara? No físico? Andar com uma plaquinha pras pessoas terem compaixão? Eu digo que uma pessoa com Síndrome de Down é vista porque uma das características, é a diferença no rosto e a semelhança desse rosto com outras pessoas com a mesma síndrome. O autista não tem cara de nada, tem cara de uma criança ou pessoa normal, embora quem seja familiarizado com ele, consiga identificar traços em outras pessoas. Nenhuma síndrome tem significado de condenação da vida/morte e do futuro! O meu filho pode ser diferente do seu, que também é diferente do filho do vizinho, e por aí vai! Somos todos diferentes, todos temos nossas singularidades, independentes da cor, religião ou do padrão de normalidade que existe desde que o mundo é mundo.

Eu me lembro de um relato da Andréa, mãe do Theo do blog Lagarta Vira Pupa, onde ela o levou a uma piscina num parque, algo assim, na Suécia, onde vivem. E ouviu de uma mãe que lugar de autista é dentro de casa e ela respondeu que lugar e autista é onde ele quiser! Se ele quiser estar dentro de casa, nós estaremos com ele. Se ele quiser estar na piscina de bolinhas, nós estaremos também! Autismo é vida, criança autista é uma criança como outra qualquer, que quer se divertir, brincar, ser amado e viver, mesmo que seja de um modo diferente das outras crianças!

E eu digo que nos divertimos muito e esse infeliz incidente, não estragou a nossa tarde e nossa diversão!












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