sexta-feira, 29 de maio de 2015

Palavras

Fiquei pensando num post que uma amiga me marcou, e fiquei com vontade de escrever... Não sabia ao certo que título dar a este post, por isso escrevi só "palavras".

Nada do que você disser a uma mãe com um filho(a) autista, parece consolar a ela. Ou tudo o que você disser, ela vai ouvir com atenção acreditar nas palavras que está ouvindo. Tudo depende do estágio em que aquela mãe está.

Eu explico: nenhuma mulher no mundo, decide engravidar pensando que pode ter um bebê "imperfeito". Pensa? Eu nunca pensei, principalmente por eu ter planejado demais o Matheus, fui ao meu ginecologista antes de engravidar e saber o que eu precisava fazer e tudo mais. Me cuidei direitinho, curti tudo, passei muito bem, tirando o susto em ter passado pelo erro no sexo dele. Posso falar mais sobre isso em outro post, pra quem não souber da história.

Quando a gente vê que nosso filho tem algo diferente do que nos filhos dos outros, a gente tenta ser detetive e descobrir sozinhas. Ou a gente tenta disfarçar e dar desculpas como explicações. "Cada criança tem o seu tempo" e por aí vai. Sim, isso é verdade, mas temos de atentar para as marcas de desenvolvimento esperadas. No caso aqui, o desenvolvimento motor foi todo dentro do esperado, o que ficou pra trás foi mesmo a fala e a interação social.

Pra uma mãe que já sabe desde a gravidez que seu bebê vai nascer com um dedinho faltando, ou que vai ter Síndrome de Down ou qualquer outra coisa, não fica mais fácil em aceitar. Mas creio que já seja um preparo para o que está por vir. No caso do autismo, ele vem depois do nascimento e também não é de imediato que se identifica. Receber o diagnóstico é quase que ver aquele filho idealizado, morto, para depois do luto, nascer "um novo filho", aquele que realmente teremos e cuidaremos. O autismo não tem características físicas marcantes que alguém olhe e saiba que a criança tem algo diferente. Mas para olhares "treinados", de quem convive com o espectro, dá pra notar algo sim. Há algo no olhar, no andar que a gente acaba percebendo.

Por isso, quando o diagnóstico ainda é recente, estamos passando pela fase de negação e luto, onde não queremos enxergar o óbvio nem aceitar o diagnóstico. Nessa fase, as pessoas podem conversar conosco com a melhor das intenções, mas não vamos filtrar nada do que ouvirmos, pois não estamos aceitando (ainda) ter um filho autista. Há pessoas que botam mais lenha na fogueira e dizem coisas que não deviam, e acho que aí mora o perigo, das famílias se fecharem ainda mais e acabar não procurando tratamento adequado para a criança e escondê-la do mundo.

Após essa fase de negação e luto, as coisas começam a ir clareando e a aceitação vai melhorando. Conforme o diagnóstico, a idade da criança, os profissionais que irão atendê-la e o grau de comprometimento, é possível ter ótimos resultados! Mas cada caso é um caso, e o que vale pro vizinho nem sempre vale pra gente, né? O que importa é procurar a melhor assistência que puder, e saber que os pais vão precisar SIM, de terapia se acharem necessário. A psicóloga do Matheus eu digo que é nossa psicóloga, pois ela acaba trabalhando muito mais eu e meu marido do que o próprio Matheus.

A gente se culpa por várias características que a criança tem, mas nada foi causado por nós. Há uma diferenciação no cérebro do autista, por isso essa visão diferente do mundo que eles tem. Eu li pouco a respeito disso ainda, mas volto aqui com mais informações depois. E também como no meu último post, não podemos descartar a vivência passada daquele espírito que habita o corpo atual. Nada pode ser descartado e no livro que estou lendo, diz que a medicina deve se aliar à espiritualidade para conseguir melhores resultados em diversas áreas. Eu acredito muito nisso!

Portanto, se tiver algum amigo ou conhecido que tenha um filho autista, tente dar suas melhores palavras e não a julgue mal se ela parecer não aceitar ou dar contra tudo o que você disser. Ela não está passando pela melhor fase, mas depois vai compreender melhor tudo e vocês poderão conversar mais abertamente sobre o assunto. O importante é demonstrar que você está ali pro que ela precisar, e dizer e demonstrar com gestos, que não vai deixar de amar o filho dela e nem a ela! A gente precisa de muito carinho e colo nessa fase, e creio que o tempo todo, pois não tem um dia igual ao outro, não é mesmo?

Por último: eu falei o tempo todo aqui na palavra AUTISMO. Esse termo não se usa mais, mas é o mais fácil, por isso ainda continua em uso. O certo é TEA - Transtorno do Espectro Autista, ou TGD - Transtorno Global de Desenvolvimento, quando a criança tem traços do espectro, mas de forma global, podendo não ter todas as características "esperadas".

Não quero me tornar especialista no assunto, não quero dar aulas nem palestras sobre o assunto. Meu intuito aqui é conversar comigo mesma e se eu puder ajudar alguém com minhas palavras e experiência, terei atingido meu objetivo: de ajudar alguém.

:)
<3

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pensamentos, pensamentos, pensamentos

O próprio nome do blog, me define: tenho uma mente irriquieta. Até demais pro meu gosto. Sou um ser sempre pensante, independente do assunto, do dia e da hora, já que parece que meu cérebro sempre resolve me presentear com um brainstorm quando vou (tentar) dormir. É incrível!

O assunto da vez é: autismo e espiritismo. Sim, eu tenho um filho autista e sim, eu sou espírita. Mas vamos por partes:

No último final de semana, eu postei algo no meu facebook e citei a palavra autismo. Imediatamente, uma pessoa me chamou inbox, para perguntar quem era autista e como eu descobri. Mas é óbvio que essa pessoa sabia de quem eu estava falando e não aguentou a curiosidade em me chamar e "assuntar", apesar de nunca conversar comigo em "dias normais". Enfim, resposta objetiva dada, seguiremos em frente.

O autismo ainda é assunto que causa espanto nas pessoas, e não entendo por que. Deve ser por ainda não terem descoberto o que causa esse transtorno, e isso causa muita curiosidade nas pessoas. Eu mesma tinha a idéia de que autista, era aquela criança ou adulto que vivia se balançando o tempo todo e contando os dedos. Isso existe, nos casos mais comprometidos, mas eu não tinha idéia de que uma pessoa autista, poderia ter um comportamento normal, levando-se em consideração, o retraimento social. Vocês sabiam disso? O meu intuito não é passar aqui, estatísticas de ocorrências de autismo no mundo, afinal sou só mãe e não pesquisadora nem especialista. Eu preciso tentar entender o meu filho e com isso, tentar ajudar outras pessoas que passem pelo mesmo que eu, ou algo parecido.

Eu comecei o blog quando descobri a gravidez do meu filhote caçula, e acabei fazendo um diário da gestação aqui. Pensei em apagar os posts antigos, mas decidi manter, afinal, são recordações pra mim mesma, né? Então vamos ao que interessa: o Matheus e o autismo. Na verdade, ainda não temos certeza do diagnóstico dele, pois segundo o neuropediatra dele, ele se enquadra no espectro autista, ou no TGD (Transtorno Global de Desenvolvimento), podendo ter um autismo de grau leve, ou um transtorno de linguagem mais severo. As características são muito próximas e interligadas, então temos de ter cuidado em não rotulá-lo e de repente, partirmos para um tratamento que não seja exatamente o que ele precisa.

Quando começamos a buscar opiniões, avaliações e afins, e ouvimos a hipótese de autismo, nos estagnamos. O Matheus não se encaixava naquele padrão esteriotipado de quem fica balançando o corpo pra frente e pra trás e nem contando os dedinhos. Não, ele não era autista. E então ficamos um bom tempo digerindo aquilo e parados no tempo. No início da gravidez do Gabriel então, após um puxão de orelha da minha mãe, procurei a psicóloga que ele faz terapia até hoje e uma fono, que hoje já não cuida mais dele. Hoje eu penso que perdemos um tempo precioso nesse início, quando ele tinha 3 anos e começou a fono com praticamente 4 anos. Mas na falta de informação, na falta de buscarmos informação, foi o que aconteceu. O famoso tampar o sol com a peneira...

A mudança dele foi quase imediata após começar com a Luciane, psicóloga/psicanalista. Há quem ache isso um absurdo e que terapia para autista é psicologia comportamental. Mas a psicanálise tem dado resultado para nós, então mudar está descartado por enquanto e enquanto a terapia continuar dando orientação e resultado. O desfralde foi feito quando ele tinha 4 anos, nós não sabíamos se ele seria capaz de avisar quando precisasse ir ao banheiro, mas o processo foi MUITO rápido. E sempre a fala da terapeuta em dizer que o Matheus entendia tudo sim, que o fato dele não conseguir se expressar com a fala, não significava ele não compreender o que as pessoas diziam. Mas em algum outro post eu falo mais sobre as terapias dele.

Bom, então vcs se perguntam onde o espiritismo entra nisso. E eu respondo: EM TUDO! Não sei dizer há quanto tempo eu sou espírita, pois eu sempre li muitos romances espíritas e tinha algum conhecimento básico da doutrina, mas nunca tinha lido nenhum livro técnico nem nunca frequentado um Centro Espírita. Não por medo ou falta de vontade, mas eu não queria ir sozinha, então fui adiando, adiando... Até que soube que uma amiga frequentava um Centro, já tinha tido a indicação de uma outra pessoa para passar nesse mesmo local, e então com inventivo e companhia da minha mãe, fui com o Matheus. Meu marido não aceitava muito bem essa idéia, mas não se opunha de eu ir com ele, e assim foi. Ele melhorou MUITO após o tratamento com os passes, foi demais mesmo! E depois de alguns meses, meu marido aceitou conhecer o Centro, assistiu a uma palestra pra ver como era, do que falavam, acabou gostando e entrou em tratamento também, e assim toda a família toma passes semanais e tentamos nos harmonizar!

Mas o que isso tem a ver com o autismo? Bom, eu comecei a estudar no Centro, são 6 anos de curso sobre a doutrina, e estou amando! Então eis que fui a uma feira do livro espírita e me entupi de livros, dentre eles, dois sobre autismo, um romance espiritual que me decepcionou, pois dava a entender que era uma coisa e era outra, e outro que estou ainda muito no comecinho, chamado AUTISMO - uma leitura espiritual. E como é que eu nunca parei pra pensar nisso?? Todos nós somos espíritos que já vivemos antes de estarmos aqui, hoje. E o espírito carrega vivências passadas, por menos que a gente não se lembre disso no presente. E também a nossa reencarnação é toda combinada antes de virmos. O espírito se prepara para voltar à Terra, ele se lembra de pontos de que precisa mudar, resgatar, tanto consigo próprio como com outras pessoas e inclusive o nicho familiar a que vai pertencer, sendo uma pessoa saudável, portadora de deficiência física, mental, etc. Tudo é programado, pelo menos eu creio nisso. Então compreendo que foi uma condição escolhida por ele, de reencarnar assim, e eu aceitei recebê-lo dessa maneira. Mas por que é tão difícil de lidar com isso aqui?

A professora do curso (ela gosta que chame de orientadora rs) é uma pessoa super esclarecida, fala muito bem, sabe brincar e sabe ser séria, então eu enviei um email a ela sobre a primeira leitura que fiz. Ela só me respondeu dizendo que uma vez ouviu pessoalmente de ninguém mais, ninguém menos, que CHICO XAVIER, que o autista é o espírito que não aceitava reencarnar. E no livro que comecei a ler, uma psicóloga americana, sugeriu que o autista é o espírito que não aceita a atual reencarnação. É um assunto polêmico, que dá pano pra manga sim, mas é algo plausível. Não tenho como me aprofundar pois não li mais nada a respeito, mas prometo voltar quando tiver mais informações.

Quis aqui, dizer que sim, tenho um filho autista e sim, sou espírita, mas não preciso ficar falando disso o tempo todo, não preciso expor minha vida pessoal aqui, pois só interessa a mim e minha família. Estou sempre disposta a ajudar quem precisar e me procurar, com todo prazer! Não tenho o menor problema em falar sobre nada disso, mas já passei pela fase de negação sim. Faz parte do processo, é normal. Mas tudo isso passa, tem de passar, afinal é o futuro do meu filho que está em jogo, e de tantas e tantas outras crianças por aí.